PULOS NO TEMPO
É preciso voltar às entranhas do mar,
Seja como cachalote ou lula gigante,
E lembrar que a nossa vida é do mar,
No futuro do agora feito bem antes.
Cada vida é produto de várias eras,
Porque na natureza nada é pra agora,
A não ser destruir quem vos venera,
Porque na ilusão só a morte implora.
Eu prefiro dizer que vivemos etapas,
Dando pulos no tempo e se adaptando,
Umas vezes nós somos como primatas,
E às vezes somos bestas cavalgando.
Se vamos saltando de galho em galho,
Ou vamos de carona em lombo de gatos,
É como estarmos no cesto do caralho,
De onde avisto o mar e os regatos.
Quem pensa ser um pombo de Noé,
Não sabe o custo de ser gaivota,
Quando há cicatrizes de Salomé,
Em cada profeta que nos exorta.
Um dia, quem sabe seremos,
Bem mais energia que corpo,
E vamos ver se convertemos,
A nossa agonia em novo broto.