OLHANDO A MONTANHA
Quando os dias foram só problemas,
Busquei abandonar a vida de ébrio,
E fui num barco com velas pequenas,
Jogado ao mar do alto de um prédio.
Foi covardia de quem estava rei,
Se uma dinastia quis o seu trono,
Mas seu reinado foi o que não sei,
Se o que vi foi somente abandono.
Quem se apega a um ornamento,
Não sabe o peso do compromisso,
Que sela caixões com banimento,
Por ser curto o reinado omisso.
Eu, que servi a vários senhores,
Tenho a certeza de ver os ladrões,
Que se vestem até como doutores,
Mas são só Silvério e os dobrões.
Ser traído sem culpa ou dolo,
É crueldade e tortura também,
Mas um dia haverá um consolo,
Que celebre os bebês de Belém.
E o messiânico nasce de Peixes,
Quando o Touro é ter pé no chão,
E, olhando a montanha sou esse,
Que vê ouro, mas quer o sermão.