VOU EM CLAMOR
Não há mais esquinas ao Sol,
Por causa de tantas marquises,
E, mesmo juntos, estou tão só,
Que vou em clamor aos inquices.
As cidades são loucas favelas,
Pois estamos sendo excluídos,
E não sobra um grão na gamela,
Se nos falta até pro cozido.
Desde os últimos dois séculos,
Onde achamos até a penicilina,
Que buscamos por novos métodos,
Para evoluir com a medicina.
Nos esquecemos de nossas almas,
Ou deveríamos ter vida modesta,
Sendo a versão cheia de traumas,
Em contraste à vida de festas.
Quando víamos o desenho na tela,
Não percebíamos seu estratagema,
Mas, agora, que conheço Mandela,
Declamo com acidez o meu poema.
Hoje eu vejo quem se disfarça,
Mas os tempos de agora são nus,
E quem morre nem vira carcaça,
Pois que sofrem até os urubus.
Gestam as pragas que vi no Egito,
Com a desculpa de vender remédios,
Mas a fúria de um desejo maldito,
Faz o homem cometer sacrilégios.
Muitos querem ser reis de verdade,
Quando Ele ainda está no calvário,
A dizer e a nos propor santidade,
Para a prova de amor ser salário.