QUANDO SAÍ DAS CAVERNAS
Divaguei com a minha essência,
Procurando razões para amar,
Discutindo com toda existência,
As razões de ser livre ao ar.
Me disseram que eu sou pedestre,
Mas não viram quantas asas criei,
Como um míssil ou naves celestes,
Mas acima do mar onde fui rei.
Desde quando saí das cavernas,
Já não falo com Zeus ou Platão,
Porque quis ver além das serras,
Dirigindo meu carro ou balão.
Quando eu tinha meu questionário,
E procurava ouvir teus conselhos,
Não fui mais ao confessionário,
Por estar cego diante do espelho.
Me tornaram um Narciso sem cara,
Quando acho que Deus eu não tenho,
E por isso só vivo com a máscara,
Que esconde o meu mau desempenho.
Eu devia ser filho e ter vínculo,
Como alguém que conhece sua casa,
Mas com a teima em ser tão maluco,
Eu discordo até de quem se casa.
Só por coisas assim tu não sabes,
Nem conheces algo do meu passado,
Pois tu vives como anel de jade,
Que nada vale se nunca é usado.
Mas agora, sofrido e sem causas,
Só me resta a Deus me prostrar,
E rever os meus erros e mágoas,
Do destino que me fez chorar.
Essa etapa de agora eu encerro,
Ou ela continua mesmo sem querer,
Onde eu pauto esse ato sincero,
Em poemas de crer sem se ver.