MINHAS ASAS E A ILHA
Minhas asas terão serventia ao vento,
Mas não só quando o vulcão for ativo,
E sim para alçar o que for salvamento,
Pois assim haverá um bom motivo.
Se não sirvo para disseminar a vida,
Porque levo os grãos em meu bico?
Se não sou como a água nas bicas,
Como irei ser o Nilo e ter trigo?
No meu vôo eu vi baobá e camelo,
Quando senti o estertor do deserto,
E assim busquei atender cada apelo,
Mas o povo nem sabe o que é certo.
Eram tempos como os de agora,
Todos ali perdidos em contendas,
Sem saber o que presta e valora,
Se o amor nos pede que entenda.
Mas o magma queimou minha trilha,
E me faz refletir sobre a jornada,
Repensando o que fiz nessa ilha,
Se plantei na estação e deu nada.
Só então entendi mais da morte,
E que não vou procurar pela dor,
Nem vou ser inimigo da sorte,
Sendo a ilha de um sonhador.