EM TEMPOS MEDONHOS
Será sempre triste olhar o esquife,
Porque alegria é ninar um berçário,
Pois minha vida quer que eu fique,
Mesmo já não servindo um aquário.
Haverá nesse mundo um caminho,
Desde quando não sou uma rocha,
Mas se eu fosse como "El nino",
Viveria no atol lá das rocas.
Eu talvez fosse uma tartaruga,
Viajando no mar vez em quando,
Ou seria um albatroz ou beluga,
A cruzar o oceano onde ando.
Eu ainda me lembro do mestre,
A andar sobre a água inquieta,
E a acalmar o vento do leste,
Vendo que Pedro calado é poeta.
Quem viveu em tempos medonhos,
Viu guerras sem qualquer razão,
Ou até por ganância e um sonho,
Vendendo Excalibur a um bretão.
Não existiam Sansão ou Golias,
Mas tinham estórias de força,
E ser longevo era só fantasia,
Pela morte na cruz e na forca.
Mas teve lugar onde se empalava,
E houve canibais pela história,
Porque na fogueira eu queimava,
Quando fui ser bruxo e escória.
Sempre houveram os pseudo donos,
Pois um dono tem que ser eterno,
E tem os que se acham os donos,
Mas são só a ferrugem no ferro.
Ninguém vai levar nada daqui,
Mas tu podes deixar boa obra,
E tem quem só quer se servir,
Mas servir é que vale na hora.