O TEMPO VISTO PRA TRÁS
Nosso costume é olhar adiante,
Como um carro sem retrovisor,
Mas o chorume seria meu sangue,
E já foi a seiva de um condor.
Se eu fui Isabela ou mesmo Maria,
Porque o existir é do feminino,
Importa dizer que José ou Elias,
Também podem vir como meninos.
Não há nada de marca precoce,
Que defina os jeitos d'agora,
Mas sugerem que sejam a posse,
Do passado marcado que aflora.
Como o tempo é a pura cadência,
Eu não posso entender os saltos,
Onde o homem é desdém da ciência,
Até mais que bandido em assalto.
Mas eu sei que saber dá suporte,
Ao que faço ou aceito que façam,
Se o recurso da vida não é sorte,
Mas ação que os astros disfarçam.
Se sou fruto de tantos minérios,
Que juntos comungam os segredos,
Como irei desnudar os mistérios,
Que fazem gemer os meus medos?
Mas se eu for mensageiro de Orion,
E adentrar noutras constelações,
Deverei vir morar num promontório,
Pra ser luminar num mar de paixões.
E serei alguém fruto de análises,
Com o tempo visto pra trás,
Ao saber entender os cartazes,
Na estrada que diz onde vais.