MEU DRAGÃO NA CHAPADA
Se meu dragão ainda me der tempo,
Buscarei ser o melhor que possa,
Até sem a virtude ou o fermento,
E nem ser o caçador ou a corsa.
Vou querer ser apenas arbusto,
Ou fruteira que serve de sombra,
Desde quando já sofri de susto,
Se até uma sequóia me assombra.
Quis ser grande e não entendi,
O valor do que há numa concha,
Ao querer ser virtude ou Gaudí,
E ver que o orgulho só mancha.
Descobri ser de touro e dragão,
Mas também busquei me inspirar,
E prestei os respeitos ao chão,
Mas olhei para o céu e o luar.
Eu me vi na estrela em marcha,
E em qual ascendente me acho,
Pra dizer como será a barca,
Com meu corpo além do riacho.
O tempo nos devora em etapas,
Mas o terremoto quer na hora,
E as sobras serão da barata,
Que suporta a bomba de agora.
Já pensei morar num satélite,
Seja com a raposa ou a rosa,
Mas não vou querer ser elite,
Se eu quero um dedo de prosa.
Posso vir a morar na Chapada,
Onde eu sei que serei aceito,
Pois ali já matei as charadas,
Mas nem tudo ainda deu jeito.