A REALIDADE É PLUTOCRACIA
Certa vez eu fui a São Paulo,
E o café que tomei foi Palheta,
Mas aqui carnaval tem é Saulo,
E o calor se cura com a paleta.
Já não vou às festas de largo,
Mas eu sei que a praça se abala,
Pois na sexta só jiló é amargo,
E a moqueca é de siri e cavala.
Andar no Pelô e na Castro Alves,
Só me traz a lembrança do açoite,
Que reflete em poesia e trajes,
O calabouço da senzala à noite.
Quem viveu sem ter a liberdade,
Diz que o amor é de bom alvitre,
Mas já sabe que a humanidade,
Tá distante da Lei Ventre Livre.
Até hoje nós somos escravos,
E nos dizem: - É democracia!
Mas na verdade só há escarro,
E a realidade é plutocracia.
Já nos dizia José Saramago,
Que essa é a pura verdade,
E a nobreza detêm os cargos,
E a pobreza fica na saudade.
Hoje votamos em quais candidatos?
Se não forem mesmos monarquistas,
E, quando não, serão os indicados,
Para manter nosso povo otimista.
Mas a tragédia já está anunciada,
Seja dos Yanomami ou em Mariana,
Levando minério, ouro e esmeralda,
Deixando miséria na culpa da lama.