ENTREGA A MINERVA
Na humanidade cada vez mais só,
Só nos resta viver com os bichos,
Já que eles levantam com o sol,
E nos querem até mesmo nos lixos.
Não damos tempo à planta crescer,
Pois queremos ter mais sem fuxico,
Com a ganância de nem se conhecer,
Ou saber se o que é bom é um tico.
Quando somos donos da cidade,
Não vivemos em sua plenitude,
Pois só temos é mesmo saudades,
Do ranchinho e nossas virtudes.
Quando fui simples eu era feliz,
Me vestindo de chita e sem marca,
Se buscava a água de um chafariz,
Com a refeição sem garfo e faca.
Nas cercanias da casa haviam flores,
E as gramíneas que se doam às aves,
Com as alfazemas e outros odores,
A nos adornar em acentos e crases.
Cada reticência ou os parágrafos,
Serão exclamações do que renego,
Com as louvações em locais sacros,
Enquanto aos céus eu me entrego.
Se for para a grandeza do ego,
Até me queria sangrando de ouro,
Mas me aceito na cruz que carrego,
De ser bandoleiro sem um tesouro.
Se fosse verdade diabo ser louro,
Como seria ter cores sem luz,
E se não nascesse pelo do couro,
Como haveria um cavalo andaluz.
Eu penso no dia que chegue a paz,
Enquanto tremula a minha bandeira,
E vença as lanças de todo algoz,
Que me perseguiam na lua primeira.
Entrego a Minerva o bem e o mal,
Pra uso de acordo quem os mereça,
E embalo as escolhas num jornal,
Que não mais descreve a conversa.