PARA ALÉM DOS PRETOS
Enquanto as pedras rolavam,
Os besouros cantavam as dores,
Mesmo ontem, quando gritavam,
Sobre as águas lá dos Açores.
Nos rochedos de Pedro e Paulo,
E também no sul das Malvinas,
Entre os cachalotes me calo,
Por temer afundar as piscinas.
Coloquei o meu carro na lua,
E mirei em seu lado oculto,
Até quando a loba está nua,
Despelada ao ter o meu luto.
Foi assim pela terra do nunca,
Mas eu dei a Gancho um troféu,
Quando o seu tic-tac se afunda,
Com as chuvas que caem do céu.
Era um dia de raio e relâmpago,
Mas eu já concluí minha torre,
Que armei no farol que garanto,
E doei meu olhar que socorre.
Eu usei muito mais sob o lastro,
Guarnecendo o meu promontório,
Como as rochas dos meus castros,
E o alabastro do meu sanatório.
Tudo isso foi no rock and roll,
Que tocaram até para os nobres,
Dando voz ao blues e ao soul,
Para além dos pretos e pobres.