FERIDAS QUE SANGRAM
Ainda era inverno da infância,
Quando me feri sem costumes,
Sangrando sem doce fragrância,
A essência de meus vagalumes.
São ciúmes de quem foi feliz,
Velhas épocas em cada balanço,
Que me fez ser o bom aprendiz,
De tudo que fiz sem descanso.
São minhas feridas que sangram,
Nas escaras de quem não protesta,
São espinhos que há onde andam,
Maltrapilhos descalços em festa.
Quando sofro aprendo o ofício,
Pois sorrindo perco meu prêmio,
Se não há algo mais ou difícil,
Que um deserto no modo essênio.
Esses são os exemplos que tive,
Sendo em Ur ou na Mesopotâmia,
Mas também em Tebas e Nínive,
Ou Atenas, Roma e Babilônia.
Alguém me diria de Jerusalém,
Pela história da cristandade,
Mas eu digo que há muito além,
Se o que somos é a humanidade.
E os passos do homem na Terra,
São verdades de acordo à tribo,
Que se adaptam até numa serra,
Mas buscando um elo perdido.
Todos nós queremos eternidade,
Mesmo sendo guerreiros mortais,
E endeusamos nossa insanidade,
Sem ao menos abrir os portais.