CIVILIZADOS E ESCRAVIZADOS
Os bichos são civilizados,
Perante os que são canibais,
E por isso somos escravizados,
Em casa, na rua ou quintais.
Mas eu defendo os coitados,
Sem bruxos ou um confessor,
Porque livros foram queimados,
E não sou mais um professor.
Não quero entender patavinas,
Muito menos viver sem ter dor,
Mas do alto das sete colinas,
Até mesmo um lobo é doutor.
São mistérios que se encerram,
Desde quando há gente e bichos,
Uns querendo ser quem veneram,
E outros sendo mero capricho.
Hoje todos clamam pelo divino,
Mas não se revestem da pureza,
Pois não basta o pão e vinho,
Quando é grande a avareza.
Sempre buscamos por riquezas,
Sem perceber o que nos resta,
Porque os dias são incertezas,
Como a lua passar pela fresta.
Só será de verdade meu ontem,
Pois nem tudo amanhã pode ser,
Como cada vontade é a fome,
Que não há depois de morrer.