MOMENTOS DIFÍCEIS
O tempo devia degravar tudo,
Como o vento escava um totem,
Deixar marcas por onde estudo,
Destrinchando o dia de ontem.
Quero ainda de volta meu tempo,
Onde eu mostre o tanto que fiz,
Desde minha oração em conventos,
Ou nos dias em que fui só feliz.
São por esses momentos difíceis,
Onde morro até homem e mulher,
Que eu sofro como tu me disses,
Mesmo tendo um valor qualquer.
Num setor sempre tem nomeado,
Mas é frio, mesmo na casamata,
Tendo o ouro de um laureado,
Onde o tolo degusta a mamata.
Mas quando lhe derem o bilhete,
Tendo sua vaga no carro eterno,
Talvez creia que foi ao azeite,
Por se ver no calor do inferno.
E serás dono do que não leva,
Sem a ciência do bem e do mal,
Porque não verá Zeus ou Minerva,
A julgar se teu gozo é carnal.
Nesse dia ou momento astral,
Estarás como vivo ou curtido,
À procura da via ou motivo,
Que te dê permissão afinal.
E o gozo será mero artifício,
Ao compor oralmente o réquiem,
Nos gemidos sem um armistício,
Pois a guerra ainda nos fere.