ENQUANTO VEJO CÉU E TERRA
Certo dia eu fiquei a pensar,
Como posso estar longe do céu,
Se as nuvens estão a passar,
Me dizendo que são o seu véu.
E nessa ciência de beira mar,
Serei pelicano ou um albatroz,
No vento celeste a espreitar,
As águas que se achegam à foz.
Ou vou respirar pós mergulho,
No meu estágio de cachalote,
Pois como arroz sem gorgulho,
Nas ilhas em que sou caçote.
Mas daquele fundo não esqueço,
Quando fui visitar rei Netuno,
Porque lá é que soube do preço,
De cada adereço no mar soturno.
Isso enquanto vejo céu e terra,
Guardando o medo de mergulhar,
Pois nada andando se encerra,
Se ainda posso com asas voar.