A SERPENTE E OS OVOS
Eu venho de um tempo longevo,
Onde os sonhos eram possíveis,
E as sombras do dia que vejo,
Ainda pendem em asas de cisnes.
Tinha um lago que me chamava,
E as brumas escondiam dragões,
De lá a fada apenas me olhava,
Reclamando por meu coração.
Foi ali que me vi multi face,
Como sendo tal qual meu Ogum,
Ou se fosse o polvo em enlace,
Abraçando a tudo ou nenhum.
Mas as águas contém a serpente,
E os ovos perduram a chocar,
Pois o homem é mau de repente,
Onde o mal teima em nos cativar.
Há quem preze costumes nefastos,
Ou coloquem emblemas nas trevas,
Porque vivem dos seus artefatos,
Sem saber as razões e as regras.
Eu só quero meu mundo de volta,
Onde o justo mereça seu prêmio,
Onde Deus nos retire a revolta,
Deixando entender seu compêndio.