JÁ DISSE AOS TOLOS
Se a altura for interminável,
Fico imaginando a dor na queda,
Embora estime ser indecifrável,
A voz que gagueja numa pedra.
Não fala quem já está morto,
E não cala um disco arranhado,
Mas sábio é fingir-se de morto,
Quando há predador ao seu lado.
Se no caminho tiver caipora,
Vou errar as ruas que quero,
E se não ver surgir a aurora,
Será noite ou eterno inferno.
Eu já disse aos tolos de agora,
A anarquia não serve a ninguém,
Porque isso me lembra Pandora,
Seja aqui ou no censo em Belém.
Veja o lago há tempos sem chuva,
Se nele não adentrar um riacho,
Será como Mar Morto e a viúva,
Onde sal e defunto é o que acho.
Morte apenas é algo simplório,
Se não tivermos razão para amar,
Só não digam ser mero velório,
Quando seu descendente está lá.
Todas nossas ações tem seu preço,
Como há o custo da consequência,
E impõe condições desde o começo,
Como a real previsão ou ciência.