SOMOS O ABRAÇO
A flor teimava em nascer,
Até mesmo sem chuva chegar,
E o deserto a viu florescer,
Mesmo sendo longe do mar.
A vida sempre dá seu jeito,
Trazendo sombras e oasis,
E palpita no meio do peito,
Ou é seiva de algum agave.
Há mistérios em cada sopro,
Pois o vento nunca tem face,
E por isso fui pitecantropo,
Mas liberto por uma catarse.
Somos o abraço de tempo e força,
Transbordando além da matéria,
Mas tem alma que sai pela forca,
Quando há sacrilégio de idéias.
Tudo que subsiste pelo Cosmo,
Condensa num jogo de estrelas,
E gravita sem mesmo ter solo,
Pois só Deus pode concebê-las.
Como eu, tudo é fruto da graça,
Mas ninguém sabe qual a razão,
Ou só sabem falar de desgraça,
Com a vontade de querer perdão.