O QUE QUEREMOS DE VOLTA
A voz da poesia está de volta,
O direito à cultura é nosso,
E a filosofia não me revolta,
Mas é o barril do que posso.
Adeus à cicuta e às cruzes,
Que foram louvadas por armas,
Se alguém desligou as luzes,
Como quem não liga pra alma.
Buscar por discursos de ódio,
Não é só a cobiça de Cipião,
Mas diz se o homem é sórdido,
Se onde pisa há morte no chão.
Aqui, querem o fim da esperança,
Enquanto dizem ser o contrário,
Porque veneram uma guerra santa,
Ou desconhecem seu receituário.
Nessas guerras só existe o diabo,
Seja no parlamento ou no armário,
Porque o que querem é dar cabo,
Da natureza em prol do denário.
Queremos salvar mata e amazônia,
Botar de volta os peixes no rio,
Tirar dos lares a dor da insônia,
E ver passarinho fazendo piu-piu.
Ter cada índio e preto libertos,
Dizer que podem voltar a sorrir,
E passar nos portões já abertos,
Ao conceber conviver sem fugir.
Todos nós temos missões ao viver,
Só não tínhamos direito a sonhar,
E apesar dos estigmas por sofrer,
Devemos conviver pelo verbo amar.