MEU DIA VIVIDO
Sentado no alpendre da casa,
Lembrando do meu dia vivido,
Não vi mais o sol em brasa,
Mas um fim de tarde fornido.
Estive no meio da roça,
E trouxe banana e batata,
E o carro que tanto empoça,
Me veio soltando fumaça.
A beira da estrada era lama,
Com os sapos teimando coaxar,
E as poças serviam de cama,
Até quando a coruja acordar.
Mas havia um lobo danado,
Que era versão de um guará,
E deixava os frutos furados,
Pois queria o miolo que há.
Também tínhamos as raposas,
Que gostavam do galinheiro,
E choravam como as esposas,
De quem foi morto primeiro.
Serão elas somente as viúvas,
Carpideiras de um brigadeiro,
Que voou para longe das uvas,
Se guerra não gera dinheiro.
Agradeço a Deus minha guerra,
De batalhas por paz e contento,
Onde bens são família e terra,
E o amor serve só de sustento.