ACERCA DO MAR
Quando eu era uma criança,
Me falaram acerca do mar,
Onde a visão nunca alcança,
O que o rio vem nos mostrar.
Aqui há o rio com a margem,
Onde escorre a coragem tardia,
Mesmo quando o mar é a viagem,
Que não deixa a vida vazia.
Nascemos do mar com a paixão,
E o tridente mostrou o destino,
Como Yemanjá e Oxum dão razão,
Para alegria de cada menino.
Toda vida é emblema do mar,
E tu navegas também sobre ele,
Seja em arcas ou só a voar,
Como gaivota em um sonho leve.
Mas um dia irás me acordar,
E dizer que há terra à vista,
Vai comigo e com bichos a gritar,
Que não quero mais um analista.
Se a loucura ainda posso curar,
Tendo a fé e vivendo com ética,
Pra ser louco só para ajudar,
Resgatando uma vida sincrética.
Porque Deus é como um só poema,
Que nós lemos de todos os jeitos,
Sendo o deboche ou estratagema,
Nada mais do que nosso trejeito.
E no fim, volto às gaivotas,
Que se juntam a um albatroz,
E respingam no ogro de botas,
O conselho pra não ser feroz.