TREM E MAR
Havia uma sirene na estrada,
Foi o que achou um porteiro,
Ou seria só a buzina testada,
Pelo enxadrista no tabuleiro.
Naquela estrada não há nada,
Do que pareça com um prédio,
Como pelo silêncio em jogada,
Olhando o caminho do assédio.
Pois certo é aquele trem-bala,
Numa autopista sem cruzamento,
Se lá não precisa de escala,
Mas toca a berrar um jumento.
Isso está nos futuros sertões,
Pois não haverá mais veredas,
E todo passado foi de aviões,
Onde pipa é papel e varetas.
Só lá no passado de caminhões,
O trem era visto nas rodovias,
Bem raro diante de garanhões,
Mas ainda são só utopias.
Tem gente que nunca viu trem,
E também não há rio com baleia,
Tudo isso temendo o que vem,
Se não respeitarem a sereia.
Nesse estágio eu falo de mar,
Se a terra morreu sexta-feira,
E agora é só lixo por lá,
E no mar agoniza a vieira.