VIVEMOS QUERENDO
Um ponto de luz no céu surgiu,
Seria eu desde a última vida?
Ou será que meu corpo fugiu,
Pela porta que abriu a ferida.
Era em uma linda nebulosa,
Radiante de luz e poeira,
Mas os ciscos foram prosas,
Como é um castelo da beira.
As histórias que ouço de antes,
Só me trazem verdades da vida,
Onde ciclos não são variantes,
Mas recados que uso na lida.
Nada muda, senão cor e roupa,
Pois o corpo sempre renasce,
E o mistério não é da garoupa,
Mas é o mar como um desenlace.
Serei eu uma etapa perdida,
Pelos caminhos da eternidade,
Ou verei que não há a medida,
Para um corpo ser realidade.
Nós vivemos querendo ter tudo,
Mas o bom é ter simplicidade,
Pois a farda que tem um escudo,
Se transforma com toda maldade.
E quem faz parte desse mundo,
Que gravita sem ter perfeição,
É por causa do ser vagabundo,
Que nós somos sem evolução.
Neste estágio de tanta usura,
A inveja nos condena na lata,
Pois quem mata nunca perdura,
Quando a vida se torna barata.
Serei eu tão somente um troféu,
Como foi São João para Herodes,
Ou então me verei lá no céu,
Não vilão, mas Colosso de Rodes.
Assim, quem se guarda no exemplo,
Talvez seja só verbo encarnado,
Pois ao declamar frente o vento,
Será como tempo de cada tornado.