MESA, SALÃO E FORMIGAS
Na mesa haviam muitas formigas,
Debruçadas sobre restos frugais,
Foi um bolo servido às amigas,
Era a visita de tempos atrás.
Eu sentei também à poltrona,
Resolvendo assistir ao poeta,
Que de longe chegou à redoma,
Vendo gente que se confessa.
Quem vai lá é porque o aceita,
E concorda com as suas palavras,
Mesmo quando se acham receita,
E talvez só lhes diga o nada.
Eu entrei no salão com os tolos,
Mas sabia não ser na madrugada,
Pois senão só Exu dará consolo,
E nem toda mensagem é jogada.
Onde eu fui tinha gente de tudo,
Eram loucos e os que me agradam,
Porque em estereótipos soturnos,
Cada cor me diz onde andaram.
E os rios das pedras de liso,
Lá no fundo escondem meu ser,
Que se encharca por onde piso,
Mas o sumo quer apenas verter.
Hoje sei que a seiva é sangue,
E as formigas não dão perdão,
Mesmo que deságue no mangue,
Ou meu corpo seja só podridão.
Nesse estalo do meu tirocínio,
Descobri como gostar de viver,
Mas só quero rever-me um símio,
E saber como o sol vai nascer.