OS DIAS VIRÃO
Busquei viver dias de glória,
Mesmo quando nasci tão franzino,
E aguardo ser parte da história,
Passeando com o meu velocino.
Sempre crédulo na eternidade,
Sonho com um cantinho no céu,
Seja onde eu não tenha cidades,
Ou no campo e como um tabaréu.
Ter domínio de letra e cultura,
E também conhecer as ciências,
Não me faz ser maior em altura,
Mas me traz fé e a paciência.
Só em casa de taipa com a lua,
Terei parte no colo e no seio,
Onde a brasa da lareira é nua,
E o chá e o café são anseios.
Ser feliz nunca foi ter o ouro,
Já nos disseram cada velho pajé,
Desde quando Cabral quis tesouro,
Sem saber realmente o que é.
Se eu tenho a casa com a laje,
O olhar para cima é sem céu,
Sem um sol ou o vento que age,
Junto às nuvens que são como véu.
Lá eu vejo as imagens que crio,
Onde sou um surfista galático,
E meu touro enfrenta o frio,
Num passeio alado ou aquático.
Só não queiram a lógica pura,
Porque o meu sonho não é o seu,
E o que compreendo por cura,
Pode ser a doença de um ateu.
Não para todos, mas os dias virão,
Como parte dos segredos eternos,
Mas só Deus, na onipotente versão,
Sabe tudo além dos cadernos.