CANAL DO OURO E LAGOINHA
Vi cercada de arame farpado,
Toda a terra que teve meu 'Vô',
Mas eu logo adentrei no passado,
Indo olhar tudo que ele criou.
Conheci lá o Canal do Ouro,
Por onde eu viajei no tempo,
Mas também Lagoinha é tesouro,
Pois ali não tem pé de vento.
São lugares ermos e altos,
Transições nas matas de cipó,
Ou no frio teimoso de hiatos,
Do inverno que nunca vem só.
Lá eu encontrei uma Inês,
E lembrei da Tia Pulcheria,
E ouvi uma história por vez,
No semblante de gente tão séria.
Fui em prantos estar com parentes,
Que me alegraram de poder rever,
Mesmo aqueles que estão ausentes,
Pois se foram pra Deus conhecer.
Tirei fotos de todos espaços,
Bebi água e tomei um cafezinho,
Depois da refeição com afagos,
E lembrando que não sou sozinho.
Junto a mim tenho antepassados,
Ancestrais que me deixam viver,
Mas eu ando no tempo dos magos,
Como é tudo que fui e vou ser.
Tenho ori e quem manda é Ogun,
Mas também sou de Dan e Oxóssi,
Quando Xangô me lembra do Orun,
Pois aqui no Aiê não há posse.
E por isso se foi prima Norma,
E também foram Deli e a Júlia,
Pois a pressa de uns é enorme,
Mesmo quando preciso de ajuda.
Somos ciclos pelas dimensões,
E vagando por entre os portais,
Que se abrem se houver emoções,
Ou tristezas dos gozos fatais.