O DILEMA DO TEMPO DE AGORA
Quando a hora estiver chegando,
Eu quero estar ao lado do povo,
E quem quer me ver mais um ano,
Vai esperar o meu tempo de ovo.
Vivo o dilema do tempo político,
Pois ninguém sabe a causa do muro,
Que vai estar como um meteorito,
E vai cair, mesmo sendo tão duro.
Caiu mais um muro na Alemanha,
E lá se foi o muro de Adriano,
Mas é de palha a minha cabana,
Quando a chuva é só de um ano.
Eu quero estar com meu baobá,
E ter, como ele, seis mil anos,
Mas sua flor não vou cheirar,
Mesmo uma vez de ano em ano.
Compadre eu tenho em Zanzibar,
Se por aqui é um só desengano,
E a data em que fui ao quasar,
Na minha estrela é mais de ano.
Pois cada ano de algum lugar,
Pode durar mais do que eu amo,
Se cada dia em que eu chorar,
Vai gotejar o meu lado insano.
O mundo está hoje a flamejar,
No destempero de cada engano,
Pois todos querem se aclamar,
Em tronos que são desumanos.
Mas, agora, eu quero refletir,
Sobre o caminho já percorrido,
E vou declamar ou até imprimir,
O meu acordo com Deus e o rito.
Não cultuo um bezerro de ouro,
Pois o ouro não é um alimento,
Mas um mangangá é meu tesouro,
Pois faz o pólen ser unguento.
Nessa vida o ódio só atrapalha,
E a ganância se finda na alcova,
Pois o luxo do barco que encalha,
Se afunda no gelo ou na cova.