SER QUASE TUDO
Eu já quis ser quase tudo,
E por isso me vi samurai,
Mas também estive de luto,
Pois o filósofo quer paz.
A grandeza quer um samurai,
Mas ele ainda usa a espada,
E com seu bushido ele cai,
Pois sua honra é o que mata.
Tudo que há nessa dimensão,
Só existe com tempo e energia,
Que se unem com toda razão,
Que me faz crer em noite e dia.
Mas um dia eu irei entender,
Que a noite é fruto do giro,
Como o dia de Sol vem me ver,
A dizer a razão que transpiro.
E o suor, seja meu ou do caule,
Trará gotas de encher oceanos,
Como o sopro celeste é um baile,
Em que dançam estrelas e anjos.
As miríades de luzes eternas,
Sempre vão procurar o linhame,
Que guiará meu ser nas cavernas,
Mesmo quando a sombra é infame.
E por isso, me volto a Platão,
Como a cada filósofo de Zeus,
Pois a gruta não é caldeirão,
Mas o fogo veio por Prometeus.
Aquecidos, buscamos as sombras,
Projetadas em cada fogueira,
Mas o ódio ainda me assombra,
Se o pecado ainda é a maneira.
Sei que nesse plano carnal,
O meu tempo não verá justiça,
Pois que ela é a luz do final,
E nos quer sem usura e malícia.
Mas podemos ser como andorinha,
Ou o último camelo da história,
Ao buscar não ser erva daninha,
Como a gota de água simplória.
Pois um dia o incêndio se apaga,
Mesmo por caridade ou oxigênio,
Mas se for por causa da água,
É Deus, como sempre, o gênio.