TELÚRICO E ASTRAL
Os dias parecem todos iguais,
Mas não são, porque existimos,
Como os signos dão os sinais,
De que ainda temos destinos.
Temos touro pisando a terra,
E o peixe nadando nas águas,
Temos gêmeos em cima da serra,
Ou libra mestrando as almas.
Há leões e também caranguejo,
E o centauro olhando carneiros,
Tem o bode a dar um bordejo,
E o aquário de todos janeiros.
Ser de virgem é ter equilíbrio,
Quando escorpião dá conselhos,
Mas o Sol e a Lua dão brilho,
Pois a Terra é casa e o selo.
Tudo que gravita, se energiza,
E nós somos o fruto da espera,
Pois a era é de quem poliniza,
E vamos ser mais que quimeras.
Os planetas continuam no céu,
E os cometas trazem presságios,
Mas o vento faz seu escarcéu,
Nos trazendo as folhas e galhos.
Cada tronco me lembra desertos,
Se estiver adernado no esgoto,
Na latrina de um peito aberto,
Quando o homem se torna escroto.
Não cuidamos nem mesmo da casa,
Quem dirá do planeta morrendo,
Então vamos parar de ser brasa,
E salvar a Amazônia correndo.
Mas não usem fascismo e o fogo,
Só adubem a verdade pro corpo,
Deixem todas vaidades do louro,
E analisem as fábulas de Esopo.
Comemorem seus dias vividos,
Mas permitam a todos viver,
Compadeça-se do povo sofrido,
Sejam dias a lhes perceber.
Ame o mundo, pois ele é único,
Se não há outro tempo pra nós,
Aproveite o amor tão telúrico,
Mas lembre de estrelas e sóis.