EM DANÇAS DE ÊXTASE
Quem anda pela selva de pedra,
Mas quer ser um livre albatroz,
Procura uma rampa que agrega,
Nas praias ou beira de foz.
Nas selvas da minha Bahia,
Seja no Prado ou na Barra,
O índio se torna uma enguia,
E logo eletriza a fanfarra.
São festas por todos lugares,
Em danças de êxtase africano,
E mesmo em igrejas e altares,
Os monges se mostram humanos.
De que adianta querer a resposta,
Pra morte que sempre é um dilema,
Se cada expressão de fé é aposta,
Mas o cassino da vida é um poema.
Desde o início de toda história,
E quando o oral se viu descrito,
Os homens só querem a vitória,
Sobre todo mistério do espírito.
Esquecem o que é tempo e energia,
E como os corpos se desenvolvem,
Pois cada berçário é onde se cria,
O que o carbono coordena no pólen.
Com a velocidade de um meteoro,
E toda tranqueira que ele conduz,
Eu mostro ao mundo como devoro,
Ou gero meu modo de vida e luz.
E o acaso do dia após o sexto,
Dos quais o trabalho só continua,
Se cria e recria dentro do cesto,
Que é a verdade tão nua e crua.