MERLIN BAIANO
Ser mago nos tempos modernos,
É fácil, mas não é plural,
Como um gago lendo cadernos,
Quando a fala o torna animal.
O aprendizado de hoje é sem selo,
E nós dá certidões de modo viral,
Mas é parte de cada conselho,
E o mistério demite a moral.
Cada dom que hoje revelamos,
São caminhos do longo passado,
Como as pedras que lapidamos,
Nas águas que deitam no lago.
A espada está no ponto mais fundo,
Desde quando Artur fez sua lenda,
Ou então foi tirada de Augusto,
Donde as odes evocam as calendas.
Mas ontem um mestre me disse,
Que não posso mais ter baionetas,
Pois o mundo não é mais mesmice,
E o tiro é um cupim dos gametas.
Certa vez vi alguém com a faca,
E pensei que a ferida sangrava,
Mas disseram que nem deu entrada,
Nem rasgaram as vestes em Praga.
Foi tudo um golpe de vista,
Ou seria um golpe na Dilma,
E a parada passada em revista,
Só viu quem esteve na fila.
Mas almejo ser um Merlin baiano,
Com milagres achados de um livro,
Para estar em um modo havaiano,
Com a poção que sele o artigo.
Ou quero ser mago pras almas,
Revelando cada dom imagético,
Confinados num rio que traga,
Meus lampejos em modo poético.