O TREJEITO QUE QUISER
Minha aflição vem das tempestades,
Desde quando vi os raios de Zeus,
Ou foi Hermes e Exu pelas cidades,
Mensageiros de crentes e ateus.
Cada envelope de outrora é fetiche,
Porque hoje tudo é mesmo virtual,
Como roupas e batons ou Nietzsche,
Que nos vestem na loucura tão real.
Minha visão, então, virá distorcida,
Ou um prisma vai mostrar seu ângulo,
Pois nem tudo beberão como parida,
Mas também pode cheirar a sândalo.
Não vivemos esperando ouro e mirra,
Ou o incenso queimar até no banho,
Com o caboclo reclamando por birra,
Se a jurema vier como vinho branco.
Podemos ter o trejeito que quiser,
Mas devemos o respeito espiritual,
Pois com almas não se bota colher,
Desde quando todos temos um final.
Se a ciência conflitar a religião,
Nada impede o cientista de crer,
Pois o império de átomos em fissão,
Tudo explode e podemos perecer.
Só então o meu fusca é maverick,
Com turbina que me leva ao cosmo,
Pois explodem a represa ou dique,
Que comporta meu sangue de Apolo.