OBSÉQUIO OU COINCIDÊNCIAS
Meu andar ao lado do obséquio,
Me faz só buscar valer a pena,
Embora eu me veja um inquieto,
Quando me expresso em poemas.
Nem sempre eu serei entendido,
Por causa de tantas inquietações,
As quais versam o céu pretendido,
Enquanto me ferem nas emoções.
Todos nós somos um produto velho,
Impregnado de alma, etnia e genes,
Longevos como míticos escaravelhos,
Que resguardam as múmias e bens.
Num sarcófago dorme o meu corpo,
Mas no éter se escondem meus dias,
Percorrendo o meu cosmo composto,
Por estrelas, portais e meus guias.
Cada passo ou ato que permitem,
Sempre é minha luz sendo a vida,
E por mais que os astros gravitem,
Sou o cometa que ninguém evita.
Passarei sempre sendo um presságio,
Pois os homens se apegam ao divino,
Desde quando a morte é um adágio,
Do que possa advir de um menino.
E se quero ser eterno eu sirvo,
Pois cobrar é um mau atributo,
Para o povo que sempre é furtivo,
Ao que não se pretende augusto.
Nessa esteira ou rastro de lesma,
Ainda somos breves discursos vãos,
Pois o eco não sussurra nas guelras,
Nem um peixe sente dores nas mãos.
Para nós, criaturas tão diminutas,
Haverão só coincidências e vícios,
Quando o Sol transcrever nossas lutas,
Pois o tempo desfaz o armistício.