COM AS FLECHAS OU RAIO
Eu busco os caminhos certeiros,
Muito embora enfrente muralhas,
Mas eu toco cornetas primeiro,
E depois faço minhas fornalhas.
Escorrendo no prisma das lentes,
Eu sou qual semblante do amor,
E miro os meus olhos ausentes,
Na estrela que um dia findou.
Foi ontem que a vista embaçou,
Mas vieram os bons telescópios,
E assim fui me ver onde estou,
Como células em um microscópio.
Desse jeito voei como Mercúrio,
Tão calado ao furar nebulosas,
Com as flechas além do futuro,
Ou o raio de Zeus sendo prosa.
As palavras são como os dardos,
Ou mísseis que cruzam as nuvens,
Pois calado o monge é um parvo,
Mas falando é um leão que ruge.
Mas prefiro a saudade do Nilo,
Porque isso me lembra Cleópatra,
Onde as cobras mantém o sibilo,
No sigilo de quem abre a porta.
É assim que Osíris se adianta,
No além de quem sabe ser guia,
Resumindo seus olhos de herança,
Prosperando sem hora e nem dia.
Mas não vou ter acordo com Anubis,
Nem dar ouro do que nada tenho,
Ou lavar os meus pés com as nuvens,
Quando chovem no ardor 'jalapeño'.