SEM RESPEITO NUM BERÇO DE GLÓRIA
O álcool inebria os românticos,
Como a lua embriaga o meu lago,
E faz a sua corte com cânticos,
Nos acordes que alegram o fado.
No berço de glória da Ibéria,
Há um grande portal de heróis,
Pois Atlantis seria pilhéria,
Se Poseidon reinasse em atóis.
Mas um Titã precisa de um reino,
Como Zeus será sempre do Olimpo,
Pois o mundo é o colo e o seio,
Como graça de não ser o limbo.
E a nós, criaturas sem respeito,
Cabe se arrepender quando erramos,
E pedir o perdão que é um direito,
Porque todos são parte do plano.
Vai haver algo além da montanha,
Como um dia não finda sem outro,
Porque tudo que digo é campanha,
Mas o que ainda resta é troco.
Só que o troco depende do custo,
E o preço nem sempre é o previsto,
Pois um rei será Nero ou Augusto,
Mas é César que diz o que visto.
Hoje estamos num barco à deriva,
Como fosse uma arca em tormenta,
Porque já esquecemos da urtiga,
Desde quando a viagem é sedenta.