NÃO HÁ VIDA NA DÚVIDA
Certo dia um apóstolo mentiu,
Pois não viu outra alternativa,
Desde a hora que o verbo pariu,
E sem guia ou luz não há vida.
Eram tempos de grande discórdia,
Mas o tempo é um ciclo e revolta,
Como agora há celeuma e horda,
E os tártaros me lembram o Volga.
São histórias da sociedade antiga,
Onde a barbárie sempre imperava,
Mas não sei como seria a cantiga,
Em que Nero na cítara tocava.
Se é clássico louco, eu não sei,
Por ter meus repentes com a plebe,
E tendo nascido bem antes do mês,
Não sei se foi pressa ou a greve.
Num tempo de tantas tribulações,
Não cabe ao feto escolher o dia,
Ou se vem de um susto e pressões,
Rompendo as premissas que havia.
Se houve um dia com regras,
Só foram no vão das cavernas,
Por causa do foco nas tréguas,
Enquanto meu pulso hiberna.
Não pensem em ursos de antes,
Quando o dente de sabre tombou,
Porque já não temos infantes,
Ou a senzala não se acabou.
Não esqueçam o que profetizam,
Os maus saudosistas do inferno,
Pois falam de reis e enfatizam,
Esquecendo dos pretos no ferro.
Os tempos de agora são outros,
Pois globalizaram a quem pensa,
E já não inscrevem meus potros,
No turfe em que rico frequenta.
Tudo agora acontece e já é lei,
Mas, se for verdade, há dúvida,
Porque a resposta eu não sei,
Mas ela é pertença de um druida.