O TEMPO NÃO PERDOA OU GRACEJA
Vou mandar um alô às abelhas,
Pois ainda é um dia de Sol,
Mesmo vendo a tarde nas telhas,
Do sobrado em que vivo tão só.
Sei que um dia a vida se acaba,
Mas eu sei o que devo aturar,
E eu quero o sabor da mangaba,
Mas sem pólen eu não vou achar.
Todo dia um ladrão põe veneno,
Pois só vê dinheiro ao plantar,
E só pensa em ouro e grafeno,
E faísca até se for pescar.
Quando não, quer o ganho em gado,
Ou plantation que faz devastar,
E assim a floresta é um pecado,
Que os fascistas querem no bar.
Comemoram o que seja mais fácil,
Pois edificar me lembra edifício,
Onde o mal não é faca retrátil,
E, se fere, a sua cura é difícil.
Mas o tempo não perdoa ou graceja,
Quando não, permite apenas viver,
Ou quem sabe nos doa uma peleja,
Onde permite ao cego ver perecer.
Isso enquanto as raposas sorrirem,
Ao olhar para o céu e pras uvas,
Por saberem chorar do que virem,
Pois as sombras podem estar nuas.