INSTANTES DE FÚRIA E CONDOR
A vida é sentida pelos momentos,
E pode acabar em cada instante,
Porque nada fica impune ao vento,
Desde que a fúria pune amantes.
Quando era de Nêmesis o castigo,
Só sofriam os deuses do Olimpo,
Mas se fossem as erínias comigo,
Cada humano estaria no limbo.
Hoje vivemos uma insana fúria,
Bem além de uma fúria romana,
Pois brigamos por mera luxúria,
Ou queremos ser bestas humanas.
Cada vez que não cuidam da vida,
Desdenhando de quem passa fome,
Ou enquanto há festa e bebida,
Há quem sofra até em meu nome.
Se não sirvo para cuidar e amar,
Porque será que ainda estou vivo?
Mas a vida não compra um lugar,
Nem o ódio permite um convívio.
Não sou moinho ou pedra de lagar,
Mas trituro o fascismo com versos,
Onde eu grito se for me engasgar,
Pois calar não me faz Universo.
Então, façam a censura que for,
Mas não queiram me ver como lodo,
Pois defendo o direito ao condor,
Até mesmo sem Andes ou lobo.
Não uivo nem sei como escalar,
Mas quero voar sem ter asas,
Porque sou astronave a vagar,
Em mistérios de ogros e fadas.