ANDO LENTO PRA NÃO ME PERDER
Com a máquina do tempo já visto,
Reconstruo os passos tão meus,
Pois um erro pode deixar vícios,
Desde quando há sono e Morfeus.
Lá nos sonhos eu guardo delírios,
Mas também há meu sono profundo,
Onde espinhos se tornar os lírios,
Se o cômodo for cama do mundo.
Mas se o quarto for em um navio,
E só ele estiver sobre as águas,
Como um vulcão a causar rodopio,
Ante a dança com saia e anáguas.
Mas, também, se houver calmaria,
Lá teremos praias e enseadas,
Ou, também, onde eu vi sesmarias,
Vão jogar mil sacis pelas matas.
Só me cabe é buscar entender,
Se a história também é estória,
Porque todo escrito é de poder,
Que alguém celebrou com vitória.
A história será de quem convencer,
Tudo se a máquina do tempo falhar,
Pois, senão, eu terei que saber,
O que sempre versarão pra enganar.
Foi assim, desde mil e quinhentos,
Ou em cada momento crítico de luta,
Onde roubaram até mesmo os ventos,
Ao dizerem que foi tudo da labuta.
Se mataram os povos originários,
Como culpa do pau brasil e do ouro,
Lá eu vi mais de mil legionários,
A tirar do Brasil seus tesouros.
Mas as guerras são de crueldade,
Com desdém ao estupro e tortura,
E assim, se constroem as verdades,
Recheadas de insanas culturas.
Mesmo quando o mundo é veloz,
Ando lento para não me perder,
Ou, senão, voo como albatroz,
Que sobeja no ar, para te ver.