O HOMEM À PROCURA DO ETERNO
O homem sempre quis ser eterno,
E foi à procura até como múmia,
Mas não lhes mostrei meu caderno,
Seja aqui ou no reino da Núbia.
Uns dizem que há céu e inferno,
E tem quem nem queira pensar,
Desde quando há verão e inverno,
E o conflito de amar e odiar.
As pelejas nem sempre queremos,
Mas se deve à nossa prepotência,
Pois quem dita onde nós iremos,
Não nos querem com a consciência.
Querem mesmo o domínio da fé,
Pois é como nos fazem tementes,
E assim não ficamos nem de pé,
Mas ralando os joelhos e mentes.
E falar sobre o que não se toca,
É prodígio dos donos de ideias,
E nos faz seguir que nem boboca,
Comungado com Síndrome de Medeia.
Quem lembra a origem da guerra,
Logo vê ser de gente sem luta,
Que odeiam como donos da terra,
Mas quem mata ou morre é biruta.
Vida certa é mesmo a dos bichos,
Que debatem na flor do instinto,
E não vivem de eternos conflitos,
Pois sua água não é vinho tinto.
Álcool e balas só levam à morte,
Como um carro sem freio e veloz,
Mas quem rouba ou vive da sorte,
Eu comparo a uma besta feroz.
Desde quando não há mais escambo,
E o valor quem nos diz é o rei,
Que não sou mais feliz no campo,
Nem eu sei o porquê de ter lei.
Pois lei certa vem da natureza,
E o resto é a versão que convém,
Pois agrada a quem tem avareza,
Castigando os que dizem amém.
E por isso ainda há servidão,
Onde o chicote é dor e prazer,
Pois a fome dos que não tem pão,
É o gozo de quem detém o poder.