PARA ENTENDER PORQUE VIVO
Um fruto de uva é pra baixo,
Enquanto um buquê é pra cima,
Mas um tenho junto a um cacho,
E o outro tem cheiro de clima.
A vida vem como as poesias,
Desde que haja sonho por perto,
Mas pode ser só de heresias,
Se destoa do que tenha nexo.
Só há equilíbrio no cosmo,
Por conta do gás em sangria,
Que tira o sono de Apolo,
Mas tornam os sóis alegria.
Podia haver naves pra Marte,
Ou pra irmos além de Saturno,
Para vermos de lá toda arte,
E o que nos conduz no escuro.
Assim, iríamos a todo lugar,
Visitando Plutão ou Netuno,
E olhando cada lua no altar,
Onde Júpiter se une a Juno.
Eu iria por toda Via Láctea,
Circulando como um dino alado,
Com o tempo do canto de ária,
Onde o solista é doce e caro.
Mas o proveito de vagar no ermo,
Deve ser entender porque vivo,
E louvar ter o amor como termo,
Se com ódio eu não vejo motivo.