DILEMAS DE VIDA E MORTE
O mundo não dispensa a vida,
Senão, para que temos casa?
E isso não diz se há briga,
Quando sou caçador e a caça.
Para termos toda diversidade,
Sempre haverão os dois lados,
O do predador por necessidade,
E daqueles que são depredados.
Tudo isso requer um equilíbrio,
Que demanda poucos predadores,
Se o campo não quer só o lírio,
Ou a caça perdeu seus valores.
Nesses dilemas de vida e morte,
Não se pode caçar sem ter fome,
Nem se deve louvar só a sorte,
De quem mata e nem sempre come.
Só por isso eu amo a natureza,
Onde o leão só caça com a fome,
Briga e mata também por defesa,
Mas não degrada quando consome.
Só os homens são bichos fera,
Tresloucados de inveja e usura,
Pois matam quem não considera,
E adoram o que não traz cura.
Nem sabemos andar no deserto,
Mas serramos o tronco do ipê,
Desdenhando até de um aderno,
Que caiu por que tinha de ser.
Nosso tempo difere das eras,
Pois não entendemos a morte,
Que não dá sanidade às feras,
Mas engana a vida com a sorte.
Só não sabem do fim manifesto,
Quem apenas transfere energias,
E se presto ou sou só o resto,
Como estrela que finda os dias.