SÓ O AMOR DEPÕE A ARMA
Só o amor pode construir,
Desde quando ele nos une,
Junto com a paz a influir,
Porque só o ódio confunde.
De tanto amar, sei que morri,
Pois meu ar já não assobia,
Mesmo no corpo em que vivi,
Desde que nada mais ouvia.
Sou a sombra que já findou,
Como a noite esconde o Sol,
Ou a lágrima de quem chorou,
Onde o vento secou o lençol.
Ler a voz de quem já viveu,
Só cabe a quem depõe a arma,
Se pegou os livros que leu,
E lembrou de vidas e carmas.
Quem preza a razão da pistola,
Saberá quem não leu e morreu,
Pois deixou de estar na escola,
Para ir por onde se perdeu.
Frequentar as praças de guerra,
Desde quando houver um coliseu,
Faz lembrar o sangue na terra,
Como festa em que morre até eu.
Ao contrário de pátria armada,
O futuro requer quem estuda,
Como boca que não fica calada,
E devora uma mente que é muda.
Há momentos que são adversos,
Como hoje se louva ter mortes,
Tudo em nome de um retrocesso,
Como fosse um sul sem o norte.
Tudo clama por ter equilíbrio,
Senão perdem a lei de Minerva,
E não podem viver como o ébrio,
Pois a pinga um dia enterra.