MUDAM LETRAS
Ao lermos algo é preciso cuidado,
Pois há trocadilhos em cada ação,
E as letras definem qual o lado,
Em que encontramos a nossa razão.
Ser um cidadão requer empatia,
Com o semelhante ali ao lado,
O qual é real e não fantasia,
E também chora a dor que é fato.
Sermos de bem ou viver do bem,
Diz o que temos com titulação,
Mas só dono da Terra é quem tem,
A primazia dos verbos na mão.
Quem for de bem será exaltado,
Pelo puxa-saco que quer também,
Mas o ser do bem é mortificado,
Com a penúria que mata seu bem.
Quem tem um bem se acha o rico,
Mas nessa vida tudo tem prazo,
E só por isso morremos no inciso,
Da lei que julga o nosso caso.
Quem for do bem divide seu pão,
Que se multiplica e nos sacia,
Dando a quem quis ter um irmão,
Quando um algoz é o que existia.
Se te lembrares da doce infância,
Logo verá como é bom ser liberto,
Com o amor de mãe por fragrância,
Que a flor exala pelo céu aberto.
Lá nem recordo se quis ter relógio,
Se o tempo seguia o curso do anzol,
E já sabíamos se num promontório,
A coruja voava sem lua ou sol.
Querer ter as coisas sem precisão,
Demonstram que o caráter se vai,
Pois só preciso saber da estação,
Se ela diz quando a vida se esvai.
A nossa língua tem mil armadilhas,
Desde quando eu não sei escrever,
Quando mudam letras nas cartilhas,
E não me dizem o que devo saber.