TEM FIM E TEM NUNCA
Tudo tem fim nesse plano,
Por causa do ser mecânico,
Que dura no mesmo engano,
Por talvez não ser orgânico.
A vida se difere de tudo,
Pois gera os sentimentos,
Enquanto o solo é mudo,
Mas sugere os codimentos.
Porque nós pensamos no além,
Mas tudo parece estar junto?
Se é que somos o que convém,
Qual soma de um só conjunto.
Eu vejo que tudo é ligado,
Até mesmo pela água que some,
Pois líquido é só um estado,
Até mesmo quando se consome.
Achamos que a roda inventamos,
Mas como um cometa tem rota?
Se o giro do mundo onde estamos,
Nem cremos, pois não importa.
Tem gente que nada percebe,
Pois nunca entendeu sobre lua,
Nem sabe que o Sol nos concede,
O direito de andar pela rua.
Sem eles não se tem natureza,
Pois tem que ser sol amarelo,
O qual dá o saber à fraqueza,
Pois essa tem livro no prelo.
Será tão assim, sem um mestre,
Pois só quem é sábio entende,
Que é tudo de bom no silvestre,
E nem por isso um rico se rende.
Se vende por viver da ganância,
De achar que vai comprar o Sol,
E não sabe qual a importância,
De saber que não somos tão só.
É assim que vi Capitães Gancho,
Enquanto há guris que levitam,
Pois sonhei ter vida de rancho,
Enquanto meus barcos gravitam.
Eu estava sentado na sela,
Onde só o meu cavalo dormia,
E quando quebrei a costela,
Foi coice em que nunca caia.
Nessa Terra do Nunca repousa,
Cada velho relógio tic-tac,
Mas um crocodilo é quem ousa,
Enquanto a bomba for traque.
E sempre haverá mais um conto,
Tudo enquanto houver uma festa,
Pois a vida nos dá um desconto,
Se o poeta tem olho na testa.