DESMANDOS E NÉSCIOS
Pensei numa beira de praia,
Mas não vão me deixar viajar,
Só tem que não ando na baia,
Pois nunca aprendi cavalgar.
A vida que quero é simplória,
Pois sempre foi como o será,
E é fruto da minha história,
Que foi de estudar/trabalhar.
Logo cedo me fui na estrada,
Desde os oito anos no trampo,
Como em cada infância aviltada,
De quem não brincou no campo.
Tinha futebol todos os dias,
Num Brasil de Zico ou Pelé,
Onde sempre se viu heresias,
Nas patentes de cada Mané.
Num País afeto ao desmando,
Veio alguém trair o monarca,
Por ouvir dizer no comando,
Que haveria troca de guarda.
Toda vez que ocorre uma malta,
O Brasil se esvai na sarjeta,
E a caserna comete as faltas,
De aceitar governos de treta.
Por tudo isso estamos atrás,
Em cada passo como potência,
Se ontem fez e hoje desfaz,
Por ter reis e incompetência.
Néscios sistemas de governar,
Já se provaram ser maldição,
Que só engordam quem governar,
Virando as costas para nação.
A escravidão nunca acabou,
Mudando só de traje e nome,
E a nossa lei puniu e matou,
Quem só sofreu passando fome.
Pois o farsante do capital,
É festejado com o esperto,
Mas se for povo e original,
Morre sem saber-se liberto.