ENTRE AS TRILHAS
Andar entre as trilhas e ruas,
Sugere saber seus mistérios,
E mesmo com margens tão nuas,
Seu colo já não tem minérios.
Estamos perfurando o planeta,
Retirando de dentro o juízo,
Pois ter um colar na gaveta,
Relembra o extrair de um ciso.
Se há consistência nos solos,
É por conta de mil minerais,
Que só saem na força dos poros,
Que são os vulcões e portais.
Em certos lugares há gêiseres,
Em outros, o banho é caliente,
Mas, se vou em Caldas do Jorro,
Meu trato é ser bom paciente.
Mas se vou espojar com sereias,
Pisarei nas praias de Guarapari,
Pois é preta a cor das areias,
Que dá cura a quem lhes pedir.
Dentro da natureza há respostas,
Mesmo quando não possa entender,
Pois é casa com todas as portas,
Que se abrem a quem quer viver.
Ela cobra o equilíbrio no uso,
Pois seu tempo de ação é maior,
Quando nossas vidas são fruto,
De um relógio sem hora melhor.
Talvez vivamos até os cem anos,
Mas, no fim, nem nos percebemos,
Pois no velho há jovens enganos,
E tudo isso é porque perecemos.
Em alguns o senil é alzheimer,
Mas em outros é quem se drogou,
Ou seriam as óperas de Wagner,
Desde quando Beethoven pirou.
A loucura que hoje nos domina,
Se permite aceitar ter garimpo,
Onde quem está lá contamina,
Ao querer possuir ouro limpo.
E também tem floresta que foge,
Se plantarmos uma mesma cultura,
Ou são rios de esgoto que corre,
Dando ao mar nossa morte futura.