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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos

OS CARROS QUE TIVE OU VI

OS CARROS QUE TIVE OU VI

 

Meu transporte já foi de jegue,

Que hoje é de um só frigorífico,

Na ganância que a tudo persegue,

Desde quando faz rico mais rico.

 

Só não sei em que loja gastar,

Se um dia eu for um bilionário,

Ou se vivo sozinho a vagar,

Sem partilha daquilo que valho.

 

Mas quem vale algo pra Deus,

Se apenas for guarda da usura,

Quando a vida só nos prometeu,

A fornalha ou a cova escura.

 

Se me lembro, também vi um Fusca,

Na garagem de um louco artista,

Pois sem água pra sede que busca,

Tem no vento um camelo autista.

 

Como será pintar uma moldura,

Sem pincel ou com vento e areia,

Num deserto e na noite escura,

Na amplitude, sem mar e sereia.

 

Mas também já curti jeep e Kombi,

Já surfei pelas ruas com prancha,

Fui a estrela que arde e consome,

Ao dançar numa roda ou ciranda.

 

Só então me desfiz dos carros,

Pois são eles pertences do asco,

Se cavalos vapor são escarros,

Vomitados no pobre e no fraco.

 

Ando léguas se for preciso,

Ou rastejo meu corpo doente,

Se as cáries ceifaram o ciso,

Ou geraram a lesma sem dente.

 

Meu Mustang só tive num sonho,

Como os dodges e um maverick,

Mas agora meu mundo é estranho,

Desde quando deixei Moçambique.

 

Sou apenas quem vive a sonhar,

E por isso escrevo loucuras,

Até quando meu sopro deixar,

E o vento fizer travessuras.

Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 12/05/2022
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