SEM AMOR, TUDO É EM VÃO!
A nossa morada é a Terra,
E nela há muitos lugares,
Mas ela também é esfera,
E tudo se liga nos ares.
Num dia acendem um fogo,
E logo tem dor e ameaça,
Se o vento levanta poeira,
E o ódio resume a desgraça.
Tem lugar sem água e sombra,
Enquanto enchentes destroem,
Há mar que demole com a onda,
E a morte que nada constrói.
Os homens são como colméias,
Senão não terão nem o mel,
Se a vida suplanta odisséias,
Num mar que suporta o céu.
Somos o ser que se automutila,
Caminhando sem ter um sentido,
Pois somos como gado em fila,
E não diga que foi suicídio.
A nave se afunda no abismo,
Se não acordarmos a tempo,
Pois de nada adianta agonia,
Se a chuva precisa do vento.
Se o mundo fosse terra plana,
E o corpo não tivesse alma,
Porque eu deveria ter fama,
Se a noite é leite sem nata?
Numa casa sem janela e porta,
Como será ter a luz pra acordar,
Se a hora que mais nos conforta,
É bem quando um galo cantar?
E por isso há vários arquétipos,
Seja sol, seja terra ou um cão,
Como os pais ou amigos poéticos,
Pois, sem amor, tudo é em vão!