A GATA E O VELHO
Certo dia um encontro ocorreu,
Entre uma gata e o seu velho,
Desde que nem um deles morreu,
Como as lendas de escaravelho.
Perto dali estava a pirâmide,
Desde Gizé até no Yucatán.
Dizendo a quem se une, que ame,
Pois corações só falam tan-tan.
Quando os gatos dão confiança,
E logo se mostram a ronronar,
Juntam seus corpos em aliança,
Como resposta do verbo amar.
Todos os gatos são egoístas,
Mas são respostas para psiquê,
Como os humanos são autruístas,
Se bem doutrinados desde bebê.
Gosto de estar cercado de pelos,
Sejam de cães ou gatos também,
Mesmo que o canto tenha apelos,
E um sabiá me encante, meu bem!
Somos humanos, mas sempre bichos,
Desde os primórdios há conviver,
Mesmo nos dias em que somos lixo,
Quando achamos que temos poder.
Tudo está posto, como na mesa,
Mas a natureza cobra equidade,
E só por isso tenho a certeza,
De que o tempo seja a verdade.
Chega o meu dia e de quem amo,
Pois deixarei aqui para sempre,
Mesmo que velho seja o engano,
De quem viveu só por presente.
A nossa vida não foi conquistada,
Mas ofertada por Deus e o amor,
Mesmo que uns se fartem do nada,
Sem o respeito a quem nos criou.
E tudo aqui é segredo da Terra,
Com o simbolismo de cada entidade,
E só por isso o alto é na serra,
Ou o que penso seja a verdade.
Mas não tenho mais o que gosto,
Como Senhor da minha vaidade,
Quando me acho dono e esposo,
E o que sobra é pura saudade.
Só então eu me lembro da gata,
Como um velho querendo carinho,
Pois aos jovens o velho empata,
Se pra eles nós somos espinho.